Poeta
Álvaro
Alves
de Faria

Canal do poeta

“Desviver” na Espanha

Meu livro de poemas “Desviver” (Escrituras-SP), foi lançado na Espanha, a partir de Salamanca, no dia 20 de outubro de 2016,  tradução da poeta Montserrat Villar González, com intervenções da ensaísta Graça Capinha, da Universidade de Coimbra, do editor do livro, Antonio Burilo, da Tau Editores, do poeta e meu editor em Portugal (Palimage), Jorge Fragoso e também da própria tradutora.

*

Por motivo de saúde, infelizmente não pude estar presente. “Desviver” tem alguma coisa especial na minha poesia que não consegui ainda desvendar. Tanto que disse à Montserrat que sua tradução seria praticamente impossível. Mas algum tempo depois, Montserrat me enviou o livro traduzido, um trabalho que vai além da própria poesia, tal a dedicação de Montse com os poemas, a busca árdua de palavras correspondentes ao Português. O livro “Desviver” foi traduzido pela dedicação de uma poeta à poesia. Montse já traduziu outras obras minhas. O que eu posso dizer senão agradecer a Montse essa atenção e admiração que dedica à minha poesia e minha prosa? Agradecer sempre, porque não é fácil encontrar gente assim como ela num mundo completamente destruído em quase todos seus valores.

Montse é uma guerreira em favor da poesia na Espanha. E me orgulha receber dela esse carinho que me dedica.

*

A seguir, minha saudação aos presentes ao lançamento em Salamanca. A mesma saudação em espanhol, na voz de Montserrat Villar González. A apresentação de “Desvivir” por sua tradutora, Montserrat Villar González e finalmente dois poemas do livro em português e espanhol.

*

Daqui de São Paulo, Brasil, cumprimento a todos os presentes a este lançamento de “Desviver”, poemas traduzidos pela poeta Montserrat Villar González, um trabalho de zelo pelo seu amor à poesia e também pela dificuldade destes poemas com palavras que não existem na Língua Portuguesa, já que “Desviver” é feito de uma poesia de negação a tudo que existe.

Agradeço para sempre o que Montserrat Villar González tem feito por minha poesia.

Entre os amigos aqui presentes cumprimento a ensaísta e professora na Universidade de Coimbra, Graça Capinha que, como costumo dizer, me abriu as portas de Portugal. E foi em Portugal, com a ajuda da Graça Capinha que aprimorei minha poesia, dedicando-me à poesia de Portugal – terra de meus pais – durante 15 anos, dedicação que me fez escrever 16 livros com a linguagem a poesia portuguesa e seus poetas que vivem em mim. Graça Capinha sabe que também vive dentro de mim.

O meu amigo e editor Jorge Fragoso, que sempre me dedica edições especiais de rica beleza, tratando meus livros com um zelo não apenas de um grande editor, mas como poeta que também é. A delicadeza com que cuida de meus livros sempre foi um poema à parte.

Ao poeta peruano-espanhol Alfredo Perez Alencart, da Universidade de Salamanca, que me convidou para o X Encontro de Poetas Iberoamericanos, em 2007, homenageado como poeta brasileiro, acontecimento que marcou minha vida como poeta e cidadão por esse ato generoso. Desde então tenho participado de todos os Encontros em Salamanca, o que representa um motivo de orgulho.

Essa ligação com Salamanca me fez conhecer Montserrat e essa amizade resultou neste trabalho poético que nos rendeu, inclusive, um livro que escrevemos juntos, “De mãos dadas”, que será lançado no Brasil no início do ano que vem.

Enfim agradeço a todos aqui presentes, amigos de alma, irmãos de fé.

Não quero fazer uma saudação literária, mas sim afetiva.

Porque neste trabalho entra, sim, o afeto que deve existir entre as pessoas. A própria literatura exige afeto. Tudo exige afeto. É o que de mais rico o ser humano pode guardar, esses laços que unem as pessoas em qualquer circunstância.

Montserrat, agradeço esse trabalho que fez com meu livro “Desviver”. Que fez com “Cartas de Abril para Júlia”, que será lançado no ano que vem, março/abril, quando estarei presente. E especialmente com “Motivos Alheios – Resíduos”, uma belíssima tradução, livro publicado na importante coleção de Poesia de Espanha dirigida pelo poeta Antonio Colinas, que acreditou no livro, pelo que ele representou em minha vida nos momentos de absoluta escuridão.

E ao cumprimentar os amigos reunidos neste lançamento, informo que não estou aqui neste momento por motivos de saúde, o que têm me impedido de realizar muitos trabalhos no Brasil e fez com que eu cancelasse minha viagem a Coimbra e Salamanca como faço todos os anos nesta época. Essa viagem de todos os anos passou a fazer parte de meu roteiro existencial.

São problemas que estão sendo vencidos com muita dificuldade, um enfrentamento diário, uma luta constante.

Afinal, como me dizem alguns amigos no Brasil, referindo-se a mim, particularmente, “ninguém é poeta impunemente”.

Chego a concordar, porque sei de minha vida ligada à poesia, o que isso me custou a vida inteira, desde criança,  quando escrevi meu primeiro poema com 11 anos de idade.

Mas isso vai passar.

Obrigado a todos vocês.

Obrigado, Montserrat.

SAUDAÇÃO NA VOZ DE MONTSERRAT VILLAR GONZÁLEZ

Desde São Paulo, Brasil, saludo a todos los asistentes a la presentación de Desviver, poemas traducidos por la poeta Montserrat Villar González, un trabajo exhaustivo por su amor a la poesía y por las dificultades de los poemas escritos con palabras que no existen en lengua portuguesa, ya que Desviver está hecho de poesía de la negación de todo lo que existe.

 Agradezco para siempre lo que Montserrat ha hecho por mi poesía.

Entre otros amigos aquí presentes, saludo a la ensayista y profesora de la U. de Coímbra, Graça Capinha que, como suelo decir, me abrió las puertas de Portugal. Y fue en Portugal, con su ayuda, que embellecí mi poesía, dedicándome a la poesía de Portugal (tierra de mis padres) durante 15 años, dedicación que me hizo escribir 16 libros con la lengua de la poesía portuguesa y de sus poetas que ya viven en mí. Graça Capinha sabe que ella también vive dentro de mí.

Mi amigo y editor Jorge Fragoso, que siempre me dedica ediciones especiales de rica belleza, tratando mis libros con un cuidado no propio simplemente de un gran editor sino como el poeta que también es. La delicadeza con que cuida mis libros siempre ha sido como otro poema.

 Al poete peruano-español Alfredo Pérez Alencart, de la Universidad de Salamanca, que me invitó al X Encuentro de Poetas Iberoamericano , en 2007, en el que fui homenajeado como poeta brasileño, acontecimiento que marcó mi vida como poeta y ciudadano por acto tan generoso. Desde entonces he participado en los encuentros en Salamanca, lo que representa un motivo de orgullo.  

Esa unión con Salamanca me hizo conocer a Montserrat y de esta amistad ha nacido este trabajo poético que hoy presentamos, además de un libro que escribimos juntos “De maos dadas”; que será presentado en Brasil a principios de 2017.

En resumen, agradezco a todos los aquí presentes, amigos del alma, hermanos de fe.

No quiero realizar un saludo literario sino afectivo. Porque en este trabajo entra, sí, el afecto que debe existir entre las personas. La propia literatura exige afecto. Todo exige afecto. Es lo más preciado que el ser humano puede tener, esos lazos que unen a las personas en cualquier circunstancia.

Montserrat, agradezco este trabajo que hizo con Desviver. Que hizo con Cartas de Abril para Júlia, que se presentará el próximo año cuando pueda estar presente. Y especialmente con Motivos ajenos y Residuos, una bellísima traducción  publicada por Linteo en una colección dirigida por el poeta Antonio Colinas que creyó en el libro, por lo que él representó en mi vida en los momentos de absoluta oscuridad.

Y al saludar a los amigos aquí reunidos, tengo que decir que no estoy presente por motivos de salud, lo que me está impidiendo realizar muchos trabajos en Brasil y haber tenido que cancelar el viaje habitual en esta época a Coímbra y Salamanca. Se trata de problemas que están siendo solucionados con mucha dificultad, con una lucha diaria y constante.

Al final, como dicen algunos amigos de Brasil refiriéndose a mí, “nadie es poeta impunemente”. Y tengo que estar de acuerdo porque conozco mi vida íntimamente ligada a la poesía, algo que dura toda la vida, desde que escribí mi primer poema con 11 años de edad. Pero pasará.

Gracias a todos ustedes. Gracias Montserrat

APRESENTAÇÃO DE “DESVIVIR” POR
MONTSERRAT VILLAR GONÁZELES

Me gusta Álvaro Alves de Faria con todas sus rarezas, pero con toda su coherencia y toda su poesía cargada de ese dolor que la vida imprime en el alma de los seres sensibles. Me gusta Álvaro y toda su inocencia cuando hablamos, toda su dulzura, su inconformismo y rebeldía, y su necesidad de seguir luchando contra la fría y absurda realidad y contra sí mismo a pesar de su edad.

Como él afirma, su poesía y su vida son inseparables, y eso también me gusta, porque creo firmemente que ser poeta implica una actitud especial ante la vida, un inconformismo con lo dado, una forma de mirar más allá de lo asumido, una pasión y necesidad casi enfermiza de vivir en la creencia de que las palabras, la ternura, la solidaridad y el compromiso salvan y la poesía es un arma que intenta compartir con los otros esa necesidad.  

Me gusta Álvaro porque su alma doliente y apasionada expresa como nadie todo esto, porque, a pesar de todo lo que evidentemente nos separa, nos une esta necesidad de compartir, de creer en la palabra sanadora, de creer en un mundo diferente.  

Y por eso me apasiona traducirlo, es como si me tradujera a mí misma, es como dar expresión a una parte de mí con la belleza y singularidad del otro. Así que, cuando Álvaro Alves de Faria me envió, todavía sin terminar, este libro se me hizo imposible no traducirlo. Y es que este poeta-amigo que en este último año ha empezado a firmar sus emails como ex-poeta brasileño, ex-poeta portugués, ex-periodista, ex-todo, me dio a leer lo que él define como “extraño libro” supe que contenía perfectamente el momento humano y literario del autor. Y como ya me había pasado con Residuos y Motivos ajenos (Ed. Linteo), o con Cartas de abril para Julia, no se trata de un esfuerzo, de un trabajo, sino de un placer que convierte la traducción en un diálogo íntimo con el autor y el ser humano que existe detrás de esas palabras.

Y, en este momento vital de este contradictorio, profundo, apasionado,… ser humano se desmorona todo lo creado y creído y así los describe, o desescribe, deshaciendo lo antes hecho, decallando lo callado, desconstruyendo lo construido… y la creación de nuevos vocablos en portugués se presentaron como un reto en la traducción, un reto lleno de belleza y rico en el fondo y forma. Y ese Desvivir se convierte en una declaración de intenciones que, a pesar de todos esos prefijos de negación, inversión, privación,… es un manifiesto de, una vez más, resistencia ante los embates de la vida.  

Y traducir o reescribir o desescribir o desreescribir, es un ejercicio de intuición y conocimiento enriquecedor y apasionante, no sólo de una lengua sino de una poesía que transmite una manera cercana y compartida de entender el mundo y la palabra.  

Una vez más, Álvaro Alves de Faria ha creado una pequeña gran obra que no necesita ser explicada, sólo disfrutada y compartida como se merece.

Mi agradecimiento a Antonio Burillo, de Tau Editores, por haber confiado en este trabajo y apoyar los futuros proyectos, y por esta hermosa y cuidada edición.

A Graça Capinha por su apoyo hoy y en todo lo que atañe a mi relación y estudio de la obra de Álvaro Alves de Faria.

A jorge Fragoso, por ser editor, poeta y amigo-hermano desde que nos conocimos. Por ser y estar ahí siempre. Este agradecimiento es extensivo a Margarida, su mujer.

A todos los que hoy habéis decidido acompañarnos y abrazar esta traducción que he hecho con el mayor respeto y admiración por la obra original y su autor.

OUTRA APRESENTAÇÃO DE DESVIVIR/DESVIVER
FEITA POR MONTSERRAT VILLAR GONZÁLEZ

Me gusta Álvaro porque su alma doliente y apasionada expresa como nadie todo esto, porque, a pesar de todo lo que evidentemente nos separa, nos une esta necesidad de compartir, de creer en la palabra sanadora, de creer en un mundo diferente.

Y por eso me apasiona traducirlo, es como si me tradujera a mí misma, es como dar expresión a una parte de mí con la belleza y singularidad del otro. Así que, cuando Álvaro Alves de Faria me envió, todavía sin terminar, este libro se me hizo imposible no traducirlo. Y es que este poeta-amigo que en este último año ha empezado a firmar sus emails como ex-poeta brasileño, ex-poeta portugués, ex-periodista, ex-todo, me dio a leer lo que él define como “extraño libro” supe que contenía perfectamente el momento humano y literario del autor. Y como ya me había pasado con Residuos y Motivos ajenos (Ed. Linteo), o con Cartas de abril para Julia, no se trata de un esfuerzo, de un trabajo, sino de un placer que convierte la traducción en un diálogo íntimo con el autor y el ser humano que existe detrás de esas palabras.

Y traducir o reescribir o desescribir o desreescribir, es un ejercicio de intuición y conocimiento enriquecedor y apasionante, no sólo de una lengua sino de una poesía que transmite una manera cercana y compartida de entender el mundo y la palabra.

Una vez más, Álvaro Alves de Faria ha creado una pequeña gran obra que no necesita ser explicada, sólo disfrutada y compartida como se merece.

DOIS POEMAS DE “DESVIVER” EM PORTUGUÊS E EM ESPANHOL,
TRADUZIDOS POR MONTSERRAT VILLAR GONZÁLEZ

17

Os poetas

morreram

despoetas

perderam

o que se deve

dessa poesia

o que se pede

a cada dia

o poeta

não sabe

de sua fala

não cabe

na morte

de sua vala

desmorte

que se cala

o que não chega

o que demora

o que esquece

a sua hora

assim ter-se

desprocedido

no seu procedimento

sem sentir-se no sentido

do seu próprio sentimento.

 

18

 Desacreditar

acreditar ao contrário

do contrário

onde o descontrário

se perde

e se desperde

se desacha

na desbusca

no desvazio

como se não fosse

e desfosse

ao mesmo tempo

igual

e desigual

semelhante

o dessemelhante

do desreflexo

no desespelho

que tudo se perde

no rosto velho

se desperde

no que se apaga

no que se apega

e desapega

na desvida

que se nega.

17

Los poetas

han muerto

despoetas

perdieron

lo que se debe

a esa poesía

lo que se pide

cada día

el poeta

no sabe

de su habla

no cabe

en la muerte

de su zanja

desmuerte

que se calla

lo que no llega

lo que demora

lo que se olvida

en su hora

así habíendose

desprocedido

en su procedimiento

sin sentirse en el sentido

de su propio sentimiento.

 

18

Descreer

creer al contrario

de lo contrario

donde lo descontrario

se pierde

y se despierde

se desencuentra

se desbusca

en el desvacío

como si no fuese

y desfuese

al mismo tiempo

igual

y desigual

semejante

lo des-semejante

del desreflejo

en el desespejo

que todo se pierde

en el rostro viejo

se despierde

en lo que se estingue

en lo que se aferra

y desaferra

en la desvida

que se niega.

Fotos

Menu