Poeta
Álvaro
Alves
de Faria

Canal do poeta

Homenagem 3

COM FLORA FIGUEIREDO

Foi uma manhã de muita Poesia. Especialmente de Poesia. Por motivo de saúde, não pude comparecer ao lançamento da Antologia Poética feita em minha homenagem pelos poetas de Volta Redonda, Rio de Janeiro, tendo à frente o poeta Jean Carlos Gomes, que realiza um grande trabalho cultural em sua cidade. Felizmente ainda existe gente assim neste país. A homenagem, com uma palestra e leitura de poemas, seria realizada no dia 13 de maio. Não pude comparecer. A seguir, a poeta paulista minha amiga Flora Figueiredo, de poesia elegante, feminina, de rara beleza, foi também homenageada com uma antologia poética semelhante, também organizada por Jean Carlos Gomes. O poeta de Volta Redonda resolveu vir a São Paulo para realizar a homenagem. Veio em companhia do jornalista Vicente Melo. O encontro aconteceu no feriado, dia 12 de outubro, Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em São Paulo. Um encontro de amigos, em que a Poesia foi o tema principal e o elo de ligação entre poetas de vários Estados do Brasil. Iniciativas assim, como a do poeta Jean Carlos Gomes, merecem todos os elogios, porque representam uma resistência aos tempos bárbaros que reinam neste país que prima em abusar de si mesmo, com rumos indefinidos e enganosos. É um tempo de muitas mentiras e mediocridades. Iniciativas assim dão um alento. Nem tudo está perdido.

                                                                Álvaro Alves de Faria

NO VARAL DO TEMPO

Flora Figueiredo

A vida estende emoções no varal do tempo.
Ao recolhê-las, percebo aquelas que trazem perfume de sol e flor.
Foi nelas que encontrei Álvaro Alves de Faria, de quem acompanho o trabalho há 30 anos, desde que integrei o universo poético.
Fui arrebatada pela perfeição e profundidade de sua poesia intensa, destemida, indignada e muitas vezes molhada das mágoas que ele derrama, convulsas, sobre o papel.
Houve um momento (2006) em que recebi um presente histórico: o prefácio de Álvaro em meu livro “Chão de Vento”, que alinhavou sua palavra à minha, em definitivo. A aprovação do reverenciado autor, expoente da poesia dos anos 60, foi o endosso para que eu persistisse no caminho.
Recentemente, tive outro instante com perfume de sol: compartilhei com Álvaro e sua filha, Daisy de Fátima, uma manhã banhada com a luz da Primavera.
Foi um evento programado pelo poeta e editor, Jean Carlos Gomes, membro da Academia de Volta Redonda, acompanhado pelo jornalista Vicente Melo. Recebemos ambos, Álvaro e eu, uma homenagem pautada por profissionalismo e delicadeza.
Ao redor da mesa, dividimos o pão, a poesia e a alegria do encontro.
Foi então que descobri que o pão que nosso amado poeta compartilha é recheado de ternura e sonho.
Obrigada sempre, Álvaro, meu irmão de alma.

Fotos

Poeta Álvaro Alves de Faria

Poeta

Flora Figueiredo

Poeta

Flora Figueiredo

Álvaro e Flora Figueiredo

Álvaro e Flora Figueiredo

Jornalista Vicente Melo, Álvaro, Flora e poeta Jean Carlos Gomes

Jean Carlos Gomes, Álvaro, Flora e Vicente Melo

Flora e Álvaro

Vicente Melo, Daysi de Fátima Alves de Faria, Álvaro, Flora e Jean Carlos Gomes

Daysi de Fátima Alves de Faria

POEMAS DE FLORA FIGUEIREDO

Rotação

 

Roda mundo, roda vida, roda vento.

Passa tudo, passa tanto, passa tempo.

Rodopiam as cores

na eterna reticência do momento.

Entre uma volta e outra do destino,

continuo apenas um menino

a soprar meu gira-sonho como um catavento.

 

 

 

Inverno

 

O Inverno açoita lá fora.

É hora de acender o lume

e te dar meu colo, como de costume.

Deita teu sonho e enche tua taça

porque a noite cansa, a estrela passa

e a lua se apaga, morta de ciúme.

 

 

 

Ilha

 

Não sei porque tanto mar em minha vida.

Ele que fala sempre em despedida,

que canta distância e solidão.

Por vezes parece até que ele vaza

derruba minha porta

invade minha casa

ocupa minha cama

lava meu chão.

 

Ele é que faz do leva e traz de cada onda

o mensageiro dos afetos separados,

que conserva segredos bem guardados

lá no horizonte, onde a terra se arredonda.

 

São tantos anos de tamanha intimidade,

que carrego a forte sensação

de que o mar alterou-me a identidade:

metade água, metade coração.

 

 

 

Como nascem as manhãs

 

O fundo dos olhos da noite guarda silêncios.

Esconde na retina

a menina que corre descalça em campo aberto.

Pálpebras cerradas, a noite emudece.

A menina com medo

faz um furo no escuro com a ponta do dedo.

Cai um pingo de luz.

Amanhece.

 

Flora Figueiredo

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